Publicada na Folha de Londrina, 21.03.11
Para o ortopedista Rodrigo Serikawa de Medeiros, entre os principais diferenciais do material que vem sendo testado na Unicamp estão o fato de ser uma opção inorgânica com base orgânica, que não apresenta restrições para sua obtenção, e a facilidade de deixá-lo no tamanho e formato necessário durante o procedimento cirúrgico.
Hoje a técnica mais utilizada para fazer enxerto de osso é a que utiliza material retirado da própria pessoa. São os chamados enxertos autólogos, feitos com parte de osso retirado, quase sempre, do ilíaco (bacia). A técnica, porém, apresenta alguns inconvenientes, entre eles a exigência de mais uma cirurgia no mesmo paciente - que normalmente é mais dolorosa que a original e pode levar a uma infecção, sangramento ou lesão em nervo que resulta na perda de sensibilidade da coxa - e a cicatriz resultante da intervenção.
O método ainda depende da oferta de ossos, que é limitada. ''Por isso desenvolveu-se também os enxertos homólogos (retirados de cadáveres) e heterólogos (retirados de animais, principalmente bovinos).'' O custo, porém, é um grande empecilho. ''São poucos os bancos de ossos no Brasil e a manutenção do material é dispendiosa. Diferentemente de órgãos como rins e fígado, em que há filas para transplante gratuito, os enxertos ósseos podem ser comercializados no Brasil'', explica o ortopedista.
O alto custo também é uma limitação dos enxertos inorgânicos sintéticos à base de hidroxiapatita já disponíveis no mercado. Além disso, eles são oferecidos em forma de pó, dificultando a manipulação, ou em blocos sólidos, que não apresentam alta resistência mecânica. A grande vantagem do hidrogel desenvolvido pela docente da Unicamp, portanto, seria a capacidade de moldá-lo. ''A dúvida, porém, é o custo que ele vai apresentar ao ser disponibilizado.'' Segundo Medeiros, embora a hidroxiapatita não tenha células, é capaz de facilitar a proliferação óssea no meio, formando inclusive vascularização.
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